Sinto os primeiros sintomas da travessia. Que frio na barriga! A estrada de asfalto, que me trouxe até aqui, não serve mais como caminho. Deveria eu pegar uma estrada de chão? Uma trilha em mata fechada? Um atalho? Enquanto não sei que caminho seguir, sento numa pedra e descanso um pouco. É que todas as certezas que carrego em minha mochila começam a pesar. Preciso reorganizá-la, livrando-me do peso extra. Abro o zíper e enfio a mão bem fundo, tentando pegar uma das primeira coisas guardadas. Olho bem para o que tenho nas mãos: a competitividade. Desde muito cedo ela já estava na bolsa. Será que ainda serve? Não sei, mas pesa muito: ser melhor, sempre, em tudo. Melhor é jogar fora. Mas antes tiro um pedacinho e guardo: a vontade de me superar.
Dhara Gasparini
Dhara Gasparini
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